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O que está em jogo no México com eleição sem precedentes de juízes do país pelo voto popular

O México realiza neste domingo uma votação pioneira para a escolha de integrantes do Judiciário, permitindo que cidadãos decidam sobre magistrados e juízes em todos os níveis. A reforma, apoiada pela coalizão governista, gera debates acalorados sobre sua potencial influência na independência do Judiciário.

Eleição inédita no México acontece às 8 horas da manhã do dia 1º de junho, com a participação de 100 milhões de eleitores na escolha de ministros da Suprema Corte, magistrados regionais e juízes de distrito.

Essa é a primeira votação globalmente para todos os membros do Judiciário, diferente de modelos como o da Bolívia, onde o voto popular é restrito a tribunais superiores.

A eleição é uma bandeira do movimento Quarta Transformação (4T), liderado pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, que buscou "democratizar" o Judiciário durante seu mandato (2018-2024). A proposta ganhou força após a eleição de Claudia Sheinbaum e uma nova composição no Congresso.

Os apoiadores consideram a medida um modelo pioneiro, enquanto críticos a veem como uma ameaça à independência do Judiciário, com risco de juízes influenciados por poderes paralelos.

No dia da votação, 386 juízes e 464 magistrados serão escolhidos em nível federal, além da renovação da Suprema Corte, que terá 9 integrantes ao invés de 11. Também haverá eleições regionais em 19 dos 32 estados do México.

A expectativa de participação é baixa, estimando entre 8% e 15% de comparecimento, já que o voto não é obrigatório e a abstenção tem sido alta em eleições anteriores.

A reforma judicial gerou intensos debates, com oposição acusando o governo de querer se apoderar do Judiciário. Protestos emergiram devido à preocupação com a entrada de juízes vinculados ao crime organizado.

Críticos, incluindo o ministro da Suprema Corte Javier Laynez, expressaram preocupações sobre a contagem de votos e a transparência da eleição. No entanto, outros argumentam que a abstenção não ajudará a reverter a reforma.

A presidente Sheinbaum defendeu que a reforma permitiria que cidadãos escolhessem seus juízes, fazendo-os responder ao povo. Caso a reforma não reduza a impunidade, a responsabilidade recairá sobre a coalizão 4T.

Analistas acreditam que essa eleição representa uma nova fase para o México, onde o voto popular assume um novo papel na política e no Judiciário.

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