O que falta para a revolução científico-tecnológica na Amazônia?
A Amazônia enfrenta um descompasso alarmante entre sua riqueza biodiversa e os escassos investimentos em ciência e tecnologia, refletindo a falta de políticas públicas eficazes. Para promover o desenvolvimento sustentável, é fundamental fortalecer iniciativas locais e integrar conhecimento científico às necessidades do mercado.
A Amazônia enfrenta uma grave disparidade em investimentos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I), recebendo apenas 3% dos recursos totais, apesar de representar 60% do território brasileiro.
A região contribui com apenas 8% do PIB brasileiro, e suas principais receitas advêm de atividades como mineração e agroindústria, que afetam a biodiversidade.
Entre 2016 e 2022, o Norte recebeu apenas 10% dos recursos do edital Universal (CNPq) e 22% do edital de 2020 do Peld, enquanto Sul e Sudeste concentraram 50%.
A falta de infraestrutura científica e tecnológica adequada limita o potencial biotecnológico da região. Iniciativas de alta tecnologia estão restritas à Zona Franca de Manaus, focando principalmente em setores como a indústria automobilística.
A governança ineficiente entre os Estados e a União impede a aplicação estratégica de recursos. Bertha Becker propõe uma revolução científico-tecnológica que explora a biodiversidade para o desenvolvimento sustentável.
Para melhorar a situação da CT&I na Amazônia, recomenda-se:
- Foco na colaboração entre níveis regional, nacional e internacional.
- Implementação de um modelo de desenvolvimento centrado no capital natural.
- Inovação orientada para missões, abordando problemas específicos.
- Valorização do capital humano e ampliação da conexão entre ciência e mercado.
A inclusão produtiva e o suporte à bioeconomia são essenciais para transformar a Amazônia em um polo de inovação. É necessário romper com a desigualdade na distribuição de tecnologia e garantir que investimentos efetivos cheguem à região.