O turnaround da BRF é conjuntural? O CEO jura que não

Miguel GularteBRF, estabeleceu uma rotina com os 80 principais executivos da empresa desde o fim de 2022. Todas as segundas-feiras, eles analisam a eficiência das 44 plantas industriais ao redor do mundo.

Essa mudança de estratégia visa aumentar a eficiência operacional, diferentemente das gestões anteriores que priorizaram o crescimento de receita. Gularte considera que o futuro da empresa é decidido nessas reuniões semanais, onde é possível identificar e replicar boas práticas entre as unidades.

Após sete CEOs em dez anos, a BRF reverteu um prejuízo de R$ 1,8 bilhões para um lucro de R$ 3,7 bilhões. A receita líquida cresceu 14,5% em 2024, enquanto o EBITDA ajustado dobrou de R$ 4,7 bilhões para R$ 10,5 bilhões.

A ação da empresa teve uma valorização de 89% em 2023, mas em 2025, desvalorizou consideravelmente, levando o mercado a questionar a real efetividade do turnaround de Gularte.

Gularte implementou práticas de eficiência, como otimização do transporte de produtos. O percentual de carregamento direto aumentou de 34% para 90%, e o estoque foi reduzido de 60 mil para 8 mil toneladas.

Medidas como a melhoria no descarte reduziram as perdas de 8% para 0,9%, enquanto a eficiência no desossamento recuperou 10 gramas de carne por frango.

A BRF também diversificou seus mercados, habilitando 175 novos destinos de exportação, facilitando adaptação a mudanças em diferentes mercados. A empresa está atenta ao preço do milho, que compõe uma parte significativa dos custos de produção.

Para melhorar sua posição, a BRF buscou oportunidades de M&A, adquirindo recentemente 26% da Addoha Poultry Company e 50% da Gelprime.

Gularte e sua equipe continuam em busca de novas oportunidades, porém evitam se comprometer com novas proteínas, mantendo o foco na integração e eficiência dentro da empresa.