Onda antidiversidade é problema americano, não brasileiro, diz Guibson Trindade
Guibson Trindade ressalta a importância de adaptar as políticas de diversidade no Brasil em resposta ao cenário global. Ele acredita que, apesar dos desafios, as empresas continuarão comprometidas com ações afirmativas e inclusão social.
Retrocesso nas ações de diversidade nos EUA não deve ser replicado no Brasil, afirma Guibson Trindade, gerente-executivo do Pacto de Promoção pela Equidade Racial.
Trindade defende que as políticas de inclusão e equidade devem ser reformuladas, focando mais em indicadores corporativos e menos em discursos sociais. O Pacto conta com 85 empresas signatárias, incluindo Ambev, Bayer e Vale.
Após a eleição de Trump, o Pacto ouviu as signatárias para evitar retrocessos, principalmente entre empresas americanas com filiais no Brasil. Para a surpresa da organização, nenhuma corporação abandonou as práticas do Índice ESG de Equidade Racial.
Em abril, as sete empresas certificadas investiram R$ 150 milhões em ações afirmativas para 2024, com foco em estados como Bahia e Amazonas. Cerca de 60% das ações serão contínuas, com metas a médio e longo prazo.
Trindade observa que o movimento antidiversidade nos EUA separou empresas comprometidas daquelas que apenas se promovem. As corporações estão adaptando a comunicação para alinhar-se às legislações brasileiras, que incentivam ações afirmativas.
A comparação Brasil-EUA é equivocada, pois 56% da população brasileira é preta ou parda, em contraste com 13% nos EUA. Além disso, as leis brasileiras, como políticas de cotas, incentivam a inclusão de grupos sub-representados.
Entretanto, algumas empresas relataram mudanças na comunicação sobre ações afirmativas, ajustando a linguagem para respeitar novas diretrizes de suas matrizes. Nos próximos meses, devem reduzir os investimentos em divulgação, mas não nas ações.
A nova estratégia envolve apresentar como a inclusão de grupos minoritários aumenta a produtividade, em vez de focar em aspectos sociais. Trindade finaliza que as empresas se adaptam para sobreviver a um cenário em mudança e que já passaram por momentos semelhantes no passado.