ONU pede reativação do ‘motor do desenvolvimento’ diante de ‘caos climático’
António Guterres destaca a urgência de revitalizar a cooperação internacional para enfrentar os desafios do desenvolvimento em meio ao caos climático e conflitos. A conferência em Sevilha busca soluções para o déficit financeiro dos países em desenvolvimento, com foco em mobilização de recursos e revisão da arquitetura financeira global.
António Guterres, secretário-geral da ONU, pediu à comunidade internacional que “reinicie o motor do desenvolvimento” devido ao “caos climático” e conflitos internacionais durante a quarta conferência sobre financiamento para o desenvolvimento em Sevilha, Espanha.
Guterres destacou que a cooperação internacional enfrenta "ventos contrários" em um mundo com confiança desintegrando-se e multilateralismo sob pressão. Ele pediu mobilização de recursos e investimento em escolas, saúde, proteção social, trabalho decente e energias renováveis.
A situação é alarmante devido à redução da ajuda humanitária dos EUA, que cortaram 83% dos fundos da Usaid. Os EUA, com US$ 63 bilhões em ajuda, foram o principal doador, mas enfrentam dificuldades com cortes também em Paris, Londres e Berlim.
Na conferência, que vai até quinta-feira, participam 50 chefes de Estado e representantes de instituições financeiras. Ausentes estão os EUA, que se retiraram das negociações por divergências sobre o compromisso que, na visão deles, infringe a “soberania” dos países.
O “Compromisso de Sevilha” busca soluções para um déficit financeiro anual de US$ 4 trilhões que os países em desenvolvimento enfrentam. O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, alerta que “serão necessários recursos sem precedentes” para enfrentar esses desafios.
O documento de 38 páginas propõe uma revisão da arquitetura financeira internacional e critica a falta de ambição dos países ricos. Ontem, diversas ONGs protestaram em Sevilha exigindo o cancelamento da dívida e um imposto sobre os muito ricos.