Opinião | A condenação de Marine Le Pen é também uma derrota para a Rússia de Putin

Rassemblement National, o maior partido da direita radical francesa, foi fundado em 1972 como Front National por Jean-Marie Le Pen. A mudança de nome ocorreu em 2018, sob a liderança de sua filha, Marine Le Pen.

Jean-Marie, falecido em janeiro deste ano, era conhecido por seu antisemitismo e provocação pública. Ele foi condenado por negação do Holocausto, multado em € 30 mil.

Nesta segunda-feira, 31, Marine Le Pen foi condenada por desvio de dinheiro público, recebendo uma sentença de quatro anos de prisão (dois em regime domiciliar) e uma multa de € 100 mil. A condenação a torna inelegível para cargos públicos por 5 anos.

As investigações começaram em 2014, revelando que assistentes parlamentares eram pagos pela União Europeia, mas trabalhavam para o Front National, resultando em um prejuízo de € 2,9 milhões.

Os problemas financeiros do partido são antigos. Em 2014, endividado, recebeu um empréstimo de € 9,4 milhões de um banco russo. Jean-Marie Le Pen defendeu publicamente Putin e a anexação da Crimeia.

Marine também se aproximou do Kremlin. Em 2017, ela se encontrou com Putin e apoiou sua política sobre a Crimeia, afirmando que deveria haver um referendo.

Um inquérito multipartidário em 2023 concluiu que o partido atuou como um “canal de comunicação” para a Rússia, ecoando a linguagem do regime de Putin. Em debate presidencial, Emmanuel Macron criticou Le Pen, chamando-a de “canal de seu banqueiro”.

Recentemente, líderes da direita populista europeia protestaram contra a condenação de Marine. Em Moscou, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, chamou de “violação das normas democráticas”.

Esses eventos não apenas prejudicam o Rassemblement National, mas também a posição da Rússia e da direita populista eurocética, frequentemente apoiada pelo Kremlin.