Opinião | A falta do pai: qual é o retrato da família brasileira mais vulnerável?
A ausência paterna impacta significativamente a dinâmica familiar e a pobreza no Brasil. A falta de um provedor limita não apenas a renda, mas também a qualidade do cuidado e da educação das crianças.
A pobreza e a ausência paterna
A frase de Marco Rubio – “A pobreza é fundamentalmente a ausência do pai” – foi inicialmente considerada uma bobagem. No entanto, ela ressoou ao longo do tempo.
Em um vídeo de um protesto por cotas raciais, um estudante discutia com meninas negras sobre meritocracia e privilégio. A resposta de uma menina: “Nem pai eu tive,” evidenciou a realidade da ausência paterna.
Essa ausência resulta em menor provimento financeiro e afeta também a disponibilidade do outro genitor para trabalhar. Durante a pandemia, mais de 10 milhões de auxílios emergenciais foram pagos a mães solo, refletindo a necessidade urgente de suporte.
Além da dimensão financeira, a falta de um pai impacta o comportamento, a educação e a saúde da criança. Mulheres sobrecarregadas, frequentemente em situação de depressão, podem influenciar negativamente a qualidade da maternidade, especialmente na primeira infância.
A Constituição brasileira menciona o "princípio da paternidade responsável", mas experiências internacionais mostram que as políticas sociais muitas vezes focam em mães solo, enquanto o combate à pobreza envolvendo pais é escasso.
Um estudo do governo brasileiro revela que 10 milhões de crianças na primeira infância vivem em famílias de baixa renda, com três quartos delas com mães solo. Isso levanta a questão: como deve ser a política social diante da escassez de pais?