Opinião | Brasil e Argentina venceram Oscar com filmes sobre ditaduras, mas só nossos vizinhos puniram crimes
Filme premiado destaca a importância da memória histórica, enquanto o Brasil enfrenta dificuldades em lidar com seu passado militar. A anistia e a falta de justiça pelos crimes da ditadura ainda geram conflitos no cenário político atual.
Evento histórico: O filme Ainda Estou Aqui venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro, 60 anos após o golpe militar no Brasil, ecoando a premiação de A História Oficial da Argentina, que retratou sua ditadura (1976-1983).
Realidade argentina: Após o fim do regime em 1983, foram julgados os agentes do Estado. O general Jorge Rafael Videla, ao longo de sua vida, manteve a ideia dos “desaparecidos”. As famílias ainda buscam seus entes, enquanto no Brasil essa busca por justiça permanece distante.
No Brasil: O legado da ditadura continua. Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, tentou-se reconhecer a morte de 136 desaparecidos, mas a busca por justiça não se concretizou. O presidente Jair Bolsonaro, com suas ligações com militares, representa uma continuidade dessa história.
Atuais processos: O Ministério Público Federal denunciou 34 pessoas, incluindo Bolsonaro, envolvidas na tentativa de golpe em 2023, revelando a intenção de abolir a democracia. Investigações da Polícia Federal oferecem provas robustas sobre a golpista intentação.
Reflexão: O Brasil se pergunta se a tentativa de golpe poderia ter sido evitada caso os responsáveis pela ditadura tivessem sido julgados. A anistia, em vez de Justiça, predominou, baseada no medo da classe política dos militares.
Citações de especialistas:
- “A maioria da classe política tinha medo dos militares” – Celso Castro.
- “A anistia passou a ser constitucional” – Maria Celina d’Araújo.
Esperança de mudança: Embora o STF tenha barrado a revisão da Lei da Anistia, há indícios de que a Justiça pode finalmente ouvir o clamor por “sem anistia”, refletindo sobre os crimes da ditadura.