Opinião: Brasil menos desigual com o avanço da transição religiosa
A transição religiosa no Brasil reflete uma sociedade em busca de maior diversidade e inclusão. A diminuição das filiações católicas e o aumento de outras denominações trazem impactos positivos na redução das desigualdades sociais.
Desigualdade no Brasil é um tema frequente em estudos econômicos, com o Índice de Gini acima de 0,500, indicando alta concentração de renda. O Brasil figura entre os países mais desiguais, ao lado da África do Sul e Namíbia.
Historicamente, a desigualdade religiosa era mais acentuada, com o catolicismo dominando a população até 1889. Após a Proclamação da República, houve a separação Igreja-Estado, mas a Igreja Católica ainda permaneceu prevalente até o século XX.
A Constituição de 1988 garantiu a liberdade religiosa como um direito fundamental, com o Art. 5º (VI) assegurando o livre exercício dos cultos. No entanto, ainda persiste discriminação religiosa, apesar de regulamentações, como a Lei nº 9.459/1997.
A transição religiosa é evidente: de 1940 a 2022, os católicos caíram de 96% para 56,7%, enquanto os evangélicos subiram de 2,7% para 26,9%. O grupo sem religião aumentou de 1,4% para 9,3% e outras religiões de 0,9% para 7,1%.
O índice de Gini da distribuição religiosa passou de 0,709 em 1940 para 0,416 em 2022, refletindo uma sociedade mais plural. A diversidade religiosa está relacionada à redução das desigualdades sociais, de gênero, geração e raça/cor.
Uma sociedade menos desigual tende a criar oportunidades econômicas e sociais, promovendo desenvolvimento sustentável e aproveitando talentos diversos.
José Eustáquio Diniz Alves e Suzana Cavenaghi são doutores em demografia e diretores da Decifra consultoria em Demografia.