OPINIÃO. Como o mundo binário matou o debate de ideias (e a boa política)

Discussões políticas modernas são dominadas por binarismo e falta de reflexão, segundo críticos.

O filósofo Marshall McLuhan já alertava que formatos rápidos de comunicação, muitas vezes disfarçados como entretenimento, diminuem o debate reflexivo. Mais tarde, Byung-Chul Han em "Sociedade do Cansaço" destacou que o excesso de estímulos prejudica nossa capacidade de refletir.

Um estudo de 2023 da OCDE revela que muitos adultos têm níveis preocupantes de proficiência em literacia, com queda significativa nos últimos 10 anos.

Na presidência de Franklin D. Roosevelt (1930-40), a comunicação era reflexiva, como nos "fireside chats" que atingiam audiências enormes. Já no debate televisionado entre John F. Kennedy e Richard Nixon em 1960, a aparência e reações rápidas superaram argumentos racionais.

A transmissão ao vivo da Guerra do Golfo (1991) transformou conflitos em eventos midiáticos. Cobrindo escândalos como o de Bill Clinton, a mídia gerou desconfiança pública crescente.

O início da internet e das redes sociais favoreceu a polarização. Sites como Drudge Report e Huffington Post criaram câmaras de eco ideológicas.

O ritmo atual nos programas jornalísticos prioriza emoções sobre reflexões críticas, reforçando a polarização e o populismo. Weissar George Simion utilizou TikTok na eleição romena de 2024 para exemplificar isso.

Estamos pressionados a decisões binárias; o conforto da certeza prevalece sobre a dúvida. O escritor Neil Postman enfatiza a fragilidade da inteligência humana, reiterando que a reflexão e a dúvida são essenciais para um debate saudável.

Segundo Lucas de Aragão, precisamos cultivar a dúvida e a reflexão para promover crescimento pessoal e discussões mais profundas.