Opinião | Como os americanos saberão que sua democracia se perdeu?
A ascensão do autoritarismo competitivo nos EUA reflete um aumento no custo de se opor ao governo. O comportamento dos cidadãos e líderes civis está sendo moldado pelo medo de retaliações, impactando a saúde democrática do país.
Reconhecimento do autoritarismo contemporâneo é mais complexo; autocratas modernos são frequentemente eleitos. Ao invés de repressão violenta, utilizam instituições públicas como armas contra a oposição, um fenômeno conhecido como autoritarismo competitivo.
Esse sistema permite eleições, mas o abuso de poder distorce o jogo político, como demonstrado na Hungria, Índia, Sérvia e Turquia, assim como na Venezuela sob Hugo Chávez.
Com a aplicação da lei usada como controle, muitos cidadãos demoram a perceber que estão perdendo a democracia. Nos EUA, podemos detectar sinais de autoritarismo pelo custo da oposição ao governo.
Em democracias, a crítica pacífica ao governo é protegida. Porém, sob regimes autoritários, essa oposição vem com riscos: perseguições, processos e retaliações contra críticos.
No governo Trump, esse custo aumentou significativamente. A administração utilizou agências de segurança para investigar críticos e muitas vezes ameaçou retaliações contra doadores e meios de comunicação.
A mídia e as universidades também foram alvo de ataques, incluindo cortes de verba e investigações potenciais. Os cidadãos estão cada vez mais inibidos, o que tem consequências para a saúde da democracia americana.
Apesar de momentos similares na história, a atual escalada de autoritarismo é mais abrangente e veloz. Não houve um retorno a medidas antidemocráticas tão severas desde a era de Watergate.
O silêncio da sociedade civil e a falta de ação têm sido decepcionantes. Líderes esperam que outros tomem a frente na luta pela democracia, mas isso pode ser um erro fatal.
O apaziguamento não impede ataques; em vez disso, pode encorajar o governo a intensificar sua ofensiva. Para enfrentar isso, é crucial uma ação coletiva; organizações e indivíduos precisam se unir contra o autoritarismo.
Recentes resistências de instituições, como Harvard e Microsoft, mostram que a defesa coletiva da democracia é possível. O despertar da sociedade civil está acontecendo, e ações em conjunto podem reverter a tendência autoritária.
A luta pela democracia é reversível, mas requer coragem e união. A resistência não pode apenas vir do povo; líderes e instituições precisam se posicionar para que a luta tenha êxito.