Opinião | É sensato que o BC interrompa o atual ciclo de aperto e aguarde antes de definir os próximos passos
Análise revela que, apesar do aumento da Selic, os efeitos sobre o crédito ainda são limitados. O Banco Central deve avaliar cuidadosamente os próximos passos na política monetária diante desse cenário.
No Brasil, o crédito é o principal canal de transmissão da política monetária e da inflação.
Desde setembro de 2024, o Banco Central (BC) iniciou um ciclo de aperto monetário, elevando a Selic em 4,25 pontos porcentuais, o que resultou em uma taxa real de juro próxima a 9% ao ano.
Um indicador relevante é o hiato de crédito amplo, que representa o crédito em relação ao PIB. No primeiro trimestre de 2025, esse hiato era positivo em 4% do PIB, mesmo nível de setembro de 2024. A expansão mais significativa veio do mercado de capitais.
Os efeitos do aperto monetário são mais visíveis no crédito do sistema financeiro:
- Pessoas jurídicas: R$ 281,4 bilhões (set. 2024) para R$ 279,6 bilhões (mar. 2025).
- Pessoas físicas: R$ 345,6 bilhões (set. 2024) para R$ 354,9 bilhões (mar. 2025).
As taxas de juros também aumentaram:
- Pessoas jurídicas: de 17,7% para 22,8% ao ano.
- Pessoas físicas: de 32,3% para 35,4% ao ano.
Os efeitos do aumento da Selic ainda estão em fase de transmissão. O BC deve, portanto, considerar a interrupção do ciclo de aperto e esperar antes de definir novos passos na política monetária.