OPINIÃO. Fake news sobre Faustão prejudicam a doação de órgãos
O ex-apresentador Faustão passa por novos transplantes em meio a polêmicas sobre suposto favorecimento. Especialistas ressaltam a necessidade de esclarecer como funciona o sistema de transplantes no Brasil para combater a desinformação.
Fausto Silva, o famoso apresentador, passou por dois novos transplantes: um de fígado e outro de rim, no Hospital Israelita Albert Einstein. Este último foi um retransplante planejado há um ano. Em 2023, ele já havia realizado transplantes de coração e rim.
Após as cirurgias, surgiram especulações sobre favorecimento devido à sua condição de celebridade. Comentários nas redes sociais insinuaram que ele teria "passado à frente" na fila de transplantes por ser rico e famoso.
A imprensa respondeu rapidamente, explicando que o sistema nacional de transplantes é regulado pelo SUS desde 1997, com critérios rigorosos que evitam favorecimentos, baseando-se em tempo de espera, compatibilidade e gravidade.
O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esclareceu no Instagram que não houve irregularidades. Faustão estava em uma "fila de urgência" por conta da gravidade de seu quadro, como outros 100 pacientes anônimos no ano anterior.
Essas especulações e fake news são preocupantes. Atualmente, 46,7 mil brasileiros aguardam transplantes e a taxa de doadores é metade da dos países desenvolvidos. A desinformação pode desestimular doações, colocando vidas em risco.
É fundamental entender que transplantes não têm "fila", mas sim um cadastro técnico dividido por órgãos. A data de inscrição é apenas um dos critérios, e pacientes com risco de falência de órgãos vitais têm prioridade.
Campanhas permanentes e mobilização de toda a sociedade são necessárias para esclarecer o processo de doação-transplante. Além disso, a regulação das big techs é essencial para combater a disseminação de informações falsas.
Ricardo Liguori é jornalista e executivo de comunicação na área da saúde desde 2003.