Opinião | Putin manipula Trump para ganhar tempo e conquistar posição de vantagem
Putin estabelece condições para cessar-fogo, mas mantém ambiguidade em relação à paz. Enquanto isso, a influência de Donald Trump na política externa americana reforça a posição russa sobre a Ucrânia.
Vladimir Putin respondeu ao plano de cessar-fogo de um mês com ambivalência, rejeitando sem dizer “não”. Impôs condições, pois o plano é incondicional, o que equivaleria a uma rejeição final.
Ele busca aproximação com os EUA, ganhar tempo e consolidar uma posição de vantagens. Putin afirmou: “Concordamos com as propostas de cessar hostilidades”, destacando que a cessação deve conduzir a uma paz duradoura, eliminando causas da crise.
A data da invasão, há três anos, foi marcada por Putin ao contestar a existência da Ucrânia e criticar a expansão da Otan.
O líder russo questionou se a Ucrânia continuaria recebendo armas e se tropas estrangeiras monitorariam o cessar-fogo, apesar de sua própria relação com o Irã e a Coreia do Norte.
Também, a insistência de Donald Trump no reconhecimento da superioridade russa sobre os vizinhos reflete uma visão preocupante. Trump indicou que a resistência ucraniana é um obstáculo, sugerindo concessões territoriais.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, declarou que “os russos não podem conquistar toda a Ucrânia”, mas isso implica aceitar a violação da soberania, uma posição inaceitável para os ucranianos.
Por fim, Trump substituiu seu enviado à Rússia, o general Keith Kellogg, por Steve Witkoff, um empresário sem conhecimento do assunto. Witkoff foi recebido por Putin apenas após longas esperas, evidenciando a manipulação do presidente americano pelo líder russo.