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Opinião | Transição energética e PIB global

Pesquisa da OCDE e ONU indica que uma transição energética agressiva pode beneficiar o PIB global e reduzir a emissão de carbono. Contudo, a incerteza geopolítica e econômica atual pode intensificar os impactos negativos se os avanços climáticos forem interrompidos.

A presidência de Donald Trump e os conflitos geopolíticos enfraqueceram a agenda climática, em um momento crítico para o combate ao aquecimento global.

O **trumpismo** reforça a ideia de que a transição energética é anticrescimento, devido às restrições ao setor de petróleo e gás e ao aumento no custo da energia.

Entretanto, uma pesquisa da OCDE e do Programa de Desenvolvimento da ONU indica que uma transição mais agressiva poderia aumentar o PIB mundial em 0,2% até 2040, através de produtividade e inovação nas energias limpas.

Esse cenário envolve mais países adotando Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDCs), com apenas 19 países atualizando suas NDCs até 10 de fevereiro deste ano.

Num cenário "reforçado", a emissão de carbono por US$ 1 de PIB global cairia de 0,34 kg para 0,14 kg até 2040, podendo tirar 175 milhões da extrema pobreza até 2050.

Embora o ganho de 0,2% até 2040 pareça modesto, a paralisação da transição climática poderia resultar em uma perda de 1% do PIB europeu até 2050, segundo Simon Stiell, da ONU.

A pesquisa mostra que 87% da economia mundial já possui metas para zerar as emissões de carbono. Os investimentos em energia limpa superam os em combustíveis fósseis.

Entre 2015 e 2022, o PIB global cresceu 22% enquanto as emissões aumentaram apenas 7%, mas ainda assim isso não foi suficiente para deter o crescimento das emissões.

As metas do Acordo de Paris já foram comprometidas, e a OCDE e a ONU pedem uma adoção mais ampla das NDCs.

Com as incertezas aumentadas pelo radicalismo do segundo mandato de Trump, a opacidade nas políticas pode resultar em uma perda de 0,75% do PIB global até 2030.

O momento atual pode ser o pior para comprometer a transição energética.

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