Organizações criticam anúncio de expulsão de imigrantes de Portugal feito às vésperas de eleição
Medida gera insegurança entre imigrantes e críticas de organizações sociais, que veem tentativa de mobilizar apoio eleitoral. A falta de clareza nos procedimentos agrava a situação de muitos que enfrentam dificuldades para regularizar sua situação no país.
A falta de detalhes sobre o procedimento para deportação de 18 mil imigrantes sem documentação em Portugal, anunciada pelo governo no último sábado, gerou apreensão entre os estrangeiros.
Organizações sociais criticam a medida do governo de centro-direita do premiê Luís Montenegro, às vésperas de uma eleição geral antecipada. Ana Paula Costa, presidente da Casa do Brasil, apontou um alarmismo eleitoral, visando mobilizar um eleitorado anti-imigração.
A presidente da Casa do Brasil lembrou que o governo de Montenegro caiu em março por um escândalo de tráfico de influência. O tema da imigração dominava o debate pré-eleitoral, com a oposição questionando o governo.
A comunidade imigrante brasileira está com medo, pois a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (Aima) não responde a pedidos de renovação de autorizações de residência. Muitas pessoas estão irregulares por conta dessa ineficiência.
A advogada Lidiane de Carvalho confirmou essa situação crítica, mencionando a dificuldade em agendar atendimentos pela Aima. As vagas são limitadas e esgotam rapidamente.
Os imigrantes notificados para deixar o país podem recorrer aos tribunais, mas precisam regularizar sua situação. Entretanto, muitos não conseguem contato com a Aima ou suas notificações se perdem.
O Movimento SOS Racismo também repudiou o anúncio, afirmando que coincide com o início da campanha eleitoral e denuncia a propagação de desinformação sobre a migração em Portugal.
O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, fez a comunicação do anúncio. O governo e a Aima não responderam aos pedidos de informação. O Consulado do Brasil em Portugal busca esclarecimentos junto à Aima.