Os 249 julhos da Independência dos EUA: da festa à transição
Dia da Independência dos EUA traz à tona tensões migratórias e dilemas sobre o papel do país no cenário global. O contraste entre os ideais de liberdade e as políticas atuais levanta perguntas sobre o futuro da influência americana.
Libertas é a deusa romana símbolo da liberdade, representada na Estátua da Liberdade em Nova York.
A estátua foi um presente da França aos EUA, celebrando o centenário da independência e as boas-vindas aos imigrantes em busca do “novo mundo”.
O texto da Declaração de Independência dos EUA destaca o direito à busca pela felicidade, inspirado por John Locke. Este direito é fundamental para os imigrantes que ajudaram a construir a nação.
No século 20, a mobilidade humana foi consagrada como um direito humano, com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
No entanto, enquanto o direito de sair do país é reconhecido, o direito de entrar e permanecer em outro é soberano de cada Estado. As duras medidas migratórias do governo Trump têm dificultado essa mobilidade, com deportações e checagens severas.
Até mesmo Elon Musk sofreu críticas do governo, levantando questionamentos sobre sua cidadania e a solidez da democracia americana.
Esse 4 de Julho será marcado por tensões internas e críticas à posição dos EUA no cenário global. Os princípios norte-americanos, que moldaram acordos internacionais, parecem desmoronar.
Henry Kissinger, em “Diplomacia”, descreve como os EUA abandonaram de forma contraditória suas fundações no multilateralismo. Desde a invasão ao Capitólio em 2021 até o desengajamento de instituições, a atitude americana está em reorientação.
Como Alexandre, o Grande, foi reduzido a pó, questiona-se sobre a influência dos EUA no multilateralismo global e a transição civilizacional apontada por Oswald Spengler em “O Declínio do Ocidente”.
Assim, este 4 de Julho representa um ponto de inflexão simbólico para os EUA, enquanto o mundo aguarda mudanças no xadrez internacional. “Tempora mutantur et nos in illis”.