Os isentões que fecham os olhos à anistia
A discussão sobre anistia para os réus do 8 de Janeiro revela um embate entre a busca pela justiça e a polarização política no Brasil. A postura dos "isentões" evidencia a dificuldade de um debate honesto em meio a um cenário de arbitrariedade estatal.
Defesa da anistia para os réus do 8 de Janeiro deveria ser uma pauta suprapartidária.
Critica-se a lógica de que esses indivíduos poderiam de fato derrubar o Estado. O retorno deles à sociedade é um imperativo que transcende o bolsonarismo, sendo essencial para o restabelecimento da justiça.
A negativa da esquerda à anistia se deve ao medo de que reconhecer o 8 de Janeiro como não um golpe desmorone as acusações contra os denunciados, incluindo Bolsonaro.
Os isentões, que se dizem neutros, se mostram mais preocupados com a percepção estética do que com a política. Seu temor é ser confundido com bolsonaristas, acreditando-se superiores.
Essa postura leva a um comportamento moralmente inconsistência: se criticam uma ilegalidade, precisam criticar outra do lado oposto, mesmo quando apenas um está certo.
Pessoas assim vivem uma neutralidade fictícia, enquanto o Brasil passa por um momento de exceção ao Direito há 6 anos. A única atitude digna é a favor da anistia e contra o arbítrio do STF.
Ser isento frente a um poder abusivo equivale a ser medroso, não há verdadeira isenção em se colocar contra aqueles que lutam por justiça ou direitos humanos.