Os músicos e influencers que ganham da indústria para 'limpar' imagem do agronegócio
A ascensão do "agronejo" reflete o crescente orgulho rural no Brasil, mas críticos alertam sobre uma visão distorcida que ignora impactos ambientais. Enquanto a cultura agrícola prospera, debates sobre sua sustentabilidade ganham destaque nas redes sociais.
A agricultura brasileira está em ascensão, com uma crescente presença nas redes sociais que expressa orgulho rural. No entanto, críticos apontam que isso pode ser uma campanha de relações públicas.
A dupla musical Us Agroboy, um dos ícones do gênero agronejo, combina sertanejo com influências modernas. O videoclipe deles tem mais de 8 milhões de visualizações e destaca o sucesso dos fazendeiros, apesar das críticas: "Hoje quem ri sou eu de quem desacreditou".
A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) apoia a cultura agrícola, afirmando que as músicas refletem uma identidade ligada ao setor. No entanto, críticos, como Debora Salles da UFRJ, dizem que essas músicas oferecem uma visão idealizada da agricultura, ignorando seus impactos sociais e ambientais.
O agronegócio representa cerca de 22% do PIB brasileiro, mas as letras do agronejo evitam discussões sobre os efeitos ambientais da produção agrícola. A Abag reconhece que nenhuma narrativa isolada reflete a complexidade do setor.
Camilia Telles, influenciadora e fazendeira, responde a críticas sobre o agronegócio com vídeos polêmicos, defendendo-o como potência do Brasil. Embora tenha sido listada como propagadora de desinformação, Telles nega distorcer a realidade, afirmando que sempre retrata a agricultura com suas imperfeições.
Enquanto o Brasil se prepara para a COP30 em novembro, o setor agrícola se mobiliza. Telles propõe que devem participar da conferência como protagonistas, e agricultores organizam uma COP do Agro paralela para defender suas práticas.
O Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa, com a agricultura sendo responsável por cerca de dois terços dessas emissões. Embora alguns agricultores se sintam injustamente acusados, admitem que mudanças necessárias existem.
A batalha ideológica do agronegócio acontece nas redes sociais, áreas essenciais para melhorar a percepção pública. Segundo pesquisa, muitos jovens não têm uma visão positiva do setor, ressaltando a importância de influenciadores e plataformas digitais.