HOME FEEDBACK

Oshikatsu, o fenômeno que Japão quer usar para tirar sua economia da crise

O fenômeno oshikatsu, que envolve o apoio financeiro e emocional a ídolos, tem ganhado força entre diferentes faixas etárias no Japão, impactando a economia local. Apesar das expectativas de crescimento impulsionado pelo consumo, seu verdadeiro impacto a longo prazo ainda é incerto.

O fenômeno do oshikatsu no Japão envolve cartazes com mensagens de aniversário de ídolos, pagos por fãs. O termo, que une as palavras "impulsionar" e "atividade", refere-se ao apoio que fãs dão a seus oshis, que podem ser artistas ou personagens de anime.

Esses fãs investem em eventos, shows e mercadorias, além de promoverem ídolos nas redes sociais. Desde 2016, o oshikatsu ganhou popularidade e, em 2021, foi indicada como palavra do ano no Japão.

A inflamação econômica recente fez com que empresas de entretenimento olhassem para o oshikatsu como um motor de crescimento. Apesar do otimismo do governo com aumento salarial e gastos, o impacto real do fenômeno ainda é incerto.

O oshikatsu atrai não só jovens, mas também adultos mais velhos. Dados de 2024 mostram que 46% das mulheres na casa dos 50 anos têm um oshi que apoiam financeiramente. As mulheres, frequentemente, assumem o papel de provedores nesse contexto.

Os fãs gastam, em média, 250 mil ienes por ano, contribuindo 3,5 trilhões de ienes à economia japonesa, cerca de 2,1% das vendas do varejo.

Enquanto isso, a cobertura da mídia foca em aspectos econômicos e comportamentais dos fãs, ignorando a transformação social que o oshikatsu simboliza. Há um desejo crescente de conexão entre os jovens, que buscam preencher lacunas emocionais através de ídolos, já que relacionamentos tradicionais parecem problemáticos.

O setor terciário se adapta, oferecendo serviços que transformam emoções em experiências pagas. Participar de oshikatsu pode gerar novas comunidades e amizades, mas também levanta questões sobre o futuro das relações sociais no Japão.

Fabio Gygi é professor de antropologia na Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres.

Leia mais em bbc