HOME FEEDBACK

'Ovo de Páscoa é só açúcar e gordura': como disparada do cacau e cortes da indústria pioraram chocolate no Brasil

Consumidores reclamam da queda na qualidade do chocolate industrializado no Brasil, especialmente durante a Páscoa. Especialistas apontam para a baixa qualidade do cacau e a busca da indústria por reduzir custos como principais causas dessa insatisfação.

A qualidade do chocolate industrial brasileiro é alvo de reclamações crescentes entre consumidores, especialmente durante a Páscoa.

Especialistas afirmam que a percepção de que o chocolate atual é “pura gordura e açúcar” é verdadeira, devido à baixa qualidade do cacau e à redução de custos nos últimos anos. O preço do cacau quadruplicou, chegando a mais de US$ 10 mil por tonelada, impactada por problemas climáticos e pragas na produção.

Vídeos e postagens nas redes sociais, como o da conta Nostalgia Pura, destacam que os ovos de Páscoa de 1995 eram melhores e mais baratos, acumulando mais de 1,3 milhão de visualizações.

A mudança na formulação de produtos, como o Choco Biscuit da Bauducco, que agora possui "sabor chocolate" em vez de chocolate de verdade, suscitou polêmica. Essa mudança na regulamentação permitiu a inclusão de menores percentuais de cacau.

Especialistas confirmaram que a qualidade do chocolate piorou devido a mudanças no processo de produção e queda na qualidade do cacau, acentuadas pela crise da vassoura-de-bruxa nas plantações brasileiras.

A redução de insumos como manteiga de cacau em favor de gorduras vegetais também compromete a qualidade do chocolate e a experiência de sabor.

A coordenadora do projeto Cacau e Cultura, Mariana Bueno, enfatiza a necessidade de qualidade ao invés de quantidade, enquanto a autora Zélia Frangioni destaca o crescimento do chocolate bean to bar, que é produzido com cuidados qualitativos.

A indústria argumenta que a mudança de formulação visou manter os preços acessíveis. Porém, especialistas indicam que poucos produtos atendem aos padrões de qualidade desejáveis.

A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates afirma que oferece opções variadas de produtos com diferentes percentuais de cacau, embora apenas 3% da produção nacional seja do tipo fino.

Leia mais em bbc