Participação da Selic na dívida pública vai ao maior nível desde 2006
Dívida pública federal atrelada à Selic atinge seu maior nível em quase duas décadas, refletindo a alta taxa de juros em meio a um cenário econômico turbulento. Especialistas destacam que a valorização dos títulos pós-fixados é impulsionada por fatores como a instabilidade política e desafios fiscais.
A dívida mobiliária federal atrelada à Selic alcançou 42,6% até janeiro de 2025, o maior percentual desde abril de 2006.
A participação da Selic foi 62,7% em junho de 2003. Especialistas apontam que os títulos públicos atrelados à taxa básica se valorizam devido ao aperto monetário e à instabilidade nos mercados de risco.
A dívida pública resulta de empréstimos do governo, especialmente em situações de déficit primário. Os títulos, que têm prazos e rendimentos variados, são comprados por bancos, fundos de pensão e investidores.
A Selic está atualmente em 14,25% ao ano e tende a subir para controlar a inflação. Seu impacto é evidente, com dívidas indexadas à Selic totalizando R$ 3,8 trilhões em um total de R$ 8,9 trilhões de dívida bruta.
Por fatores como a valorização rápida das dívidas de curto prazo e o contexto econômico, a Selic vem ocupando maior espaço na dívida pública. Filipe Ferreira afirmou que a situação atual é diferente da de 2016, quando as decisões de política monetária refletiam um contexto mais controlado.
No cenário atual, há maior turbulência, o que obriga o Tesouro a emitir mais títulos pós-fixados. Tsai Chi-yu destacou que a instabilidade fiscal e política atinge o apetite dos investidores.
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, defendeu a redução da participação da Selic como uma opção “saudável”. Ele espera que a dívida permaneça estável em 82% do PIB.
A DBGG fechou 2024 em 76,1% do PIB, com aumento de 2,2 pontos percentuais no ano anterior.