Perigo no botijão: as propostas da ANP que podem explodir um modelo de negócios
Mudanças propostas pela ANP geram preocupação na indústria de gás liquefeito, com alertas sobre riscos de segurança e impactos financeiros. Executivos do setor temem que as novas regras incentivem práticas inadequadas e prejudiquem a confiabilidade dos serviços prestados.
A ANP está propondo mudanças que podem afetar drasticamente a indústria de gás liquefeito, com **seis novas diretrizes** visando aumentar a competição e reduzir preços.
Entre as propostas, duas se destacam:
- A primeira permite que todas as empresas de gás possam encher botijões de outras marcas, comprometendo a fidelização do cliente.
- A segunda propõe o enchimento fracionado, onde o consumidor poderia completar a carga do botijão sem a troca completa.
Executivos do setor expressaram sérias preocupações quanto à segurança e à responsabilidade. “Quem será responsabilizado se ocorrer um acidente com um botijão de outra marca?” questionou um executivo.
Sergio Bandeira de Mello, presidente do Sindigás, alertou que a perda da responsabilidade sobre os botijões pode degradar os padrões de segurança. “Em mercados sem controle de marca, o parque de botijões se deteriora,” destacou.
O banco BTG também critica o enchimento fracionado, citando riscos de segurança e aumento da possibilidade de fraudes. “Os consumidores não teriam como verificar a quantidade abastecida,” afirmou o relatório.
A reforma, que visa novos investimentos, pode ter o efeito inverso, culminando na entrada de players informais no setor, semelhante ao que ocorre no mercado de combustíveis.
Atualmente, a ANP está analisando essas propostas, com processo de consulta pública previsto após a finalização das minutas até novembro. As resoluções finais podem sair até março do próximo ano.
Analistas indicam que essas mudanças podem comprometer a integridade da indústria de GLP, afetando a segurança e eficiência reconhecidas internacionalmente. “Um modelo seguro pode ser desmantelado sem benefícios claros ao consumidor,” alertou Luiz Carvalho.
O CEO da Ultragaz, Tabajara Bertelli, defendeu o modelo atual, que garantiu investimentos de R$ 3,6 bilhões em segurança entre 2018 e 2022, contribuindo para um setor competitivo e seguro.