PGR se manifesta contra divulgação de salários prevista na Lei da Igualdade Salarial
A Procuradoria-Geral da República criticou a publicidade de dados salariais referentes a homens e mulheres, argumentando que isso pode violar a privacidade dos trabalhadores. A questão agora está em discussão no Supremo Tribunal Federal, que avaliará a constitucionalidade da Lei de Igualdade Salarial.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contra trechos da Lei de Igualdade Salarial, publicada em julho de 2023, que exige a divulgação das remunerações de homens e mulheres.
A norma está sendo questionada em duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) e abrange empresas com 100 ou mais empregados.
As empresas devem preencher semestralmente um relatório de igualdade salarial e enviá-lo ao Ministério do Trabalho e Emprego.
No parecer enviado à Corte, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, argumenta que a exigência de divulgação dos dados ofende princípios de livre iniciativa e livre concorrência.
A PGR acredita que, embora os dados sejam anônimos, a correlação entre cargo e remuneração pode permitir a identificação das pessoas, violando a privacidade e gerando prejuízos comerciais às empresas.
Gonet reconhece o objetivo legítimo da lei, mas destaca que a forma como será cumprida pode expor dados sensíveis e provocar interpretações equivocadas sobre desigualdades.
O parecer menciona que o Decreto 11.795/2023 regulamenta a necessidade de divulgação anual dos relatórios de transparência salarial nos sites das empresas, contendo dados que possibilitem a comparação entre salários de homens e mulheres.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação Nacional do Comércio alegaram que a divulgação causa danos às empresas e ignora desigualdades legítimas, enquanto o partido Novo argumentou que os relatórios expõem informações sensíveis sobre estratégias de preços.
A Câmara dos Deputados, o Senado e o Poder Executivo já se manifestaram a favor da constitucionalidade da norma, defendendo a promoção da igualdade de gênero no trabalho.
As ações ainda aguardam julgamento pelo STF, sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.