Piantella, a alma da democracia
O restaurante Piantella, símbolo da convivência democrática entre políticos, fecha suas portas em um momento de crise no diálogo. Reflexões sobre a importância do respeito às divergências marcam a despedida de um espaço que foi palco da redemocratização.
João Meloimportância da renovação dos sonhos.
O autor compartilha uma experiência de anos atrás, ao notar a tensão política enquanto um ministro recebia um telefonema de um senador em um restaurante chamado Piantella.
No Piantella, um ponto de encontro político, a política se misturava naturalmente ao cotidiano, com personalidades como Luiz Eduardo Magalhães e José Dirceu, convivendo em diálogos respeitosos.
O publicitário Nizan Guanaes fez uma propaganda destacando como “situação e oposição sentam à mesma mesa” naquele espaço.
O restaurante foi sede de momentos importantes, incluindo a comemoração da diplomação de Lula, um símbolo de democracia e inclusão.
Entretanto, o Piantella teve sua última noite no dia do impeachment da presidenta Dilma, marcando um momento de tristeza e falta de diálogo.
O autor revela o desejo frequente das pessoas de reabrir o restaurante, que simbolizava um período em que a democracia e o respeito às divergências eram celebrados.
Com a ascensão do extremismo no Brasil, ele reflete sobre a perda do diálogo e da irmandade social, lamentando a cisão criada entre as famílias e amigos.
Apesar da sensação de desesperança, ele ainda nutre a esperança de que o Brasil possa reencontrar sua normalidade democrática. O desejo de reabrir o Piantella é um apelo por solidariedade e fraternidade.
Cita a poeta Sophia de Mello Breyner para ressaltar a profundidade da ausência e do desespero.