Plataforma traça o mapa da renda na floresta amazônica contra desmatamento
A plataforma "Redes da Sociobiodiversidade" visa impulsionar a bioeconomia no Interflúvio Madeira-Purus, conectando comunidades e promovendo cadeias produtivas sustentáveis. O mapeamento busca oferecer alternativas rentáveis e duradouras para combater o desmatamento na região.
A Amazônia diversifica sua bioeconomia, apresentando produtos como borracha de alta qualidade para pneus e tênis, além de bioplásticos para embalagens de celular. Essas cadeias produtivas vão além do açaí e são essenciais para áreas pressionadas pelo desmatamento, como o Interflúvio Madeira-Purus.
Um primeiro mapeamento das cadeias produtivas dessa região será divulgado amanhã. A plataforma Redes da Sociobiodiversidade tem o objetivo de fortalecer redes de cooperativas, atrair investimentos e promover a sustentabilidade. Fernanda Meirelles, do Idesam, ressalta a importância de mapear e apoiar essas cadeias para gerar renda e conservar a biodiversidade.
Lábrea, um dos pontos críticos do desmatamento, sediará um dos polos do Plano Nacional de Bioeconomia, a ser lançado na COP30. É a terceira cidade que mais desmatou no país, mantendo uma média alarmante de 350 mil metros quadrados de floresta derrubados diariamente.
A região teve um aumento de 19,1% no desmatamento em 2024, com a agropecuária substituindo a floresta. Meirelles afirma que a proposta de pavimentação da BR-319 atrai grileiros e intensifica o desmatamento.
Lábrea, localizada às margens do rio Purus, tem uma rica biodiversidade. Embora a produção de borracha tenha caído ao longo dos anos, o interesse por borracha natural da Amazônia está ressurgindo. David Lima, líder agroextrativista, menciona que sua borracha é usada em produtos da Michelin e Veja.
A produção sustentável de borracha subiu de R$ 3 para R$ 20 o quilo desde 2019. No entanto, o trabalho é árduo e exige esforço considerável. As comunidades ao redor de Lábrea também exploram outros produtos, como castanha, murumuru e andiroba para diversas finalidades.
Comunidades indígenas de Lábrea possuem 15 terras demarcadas e participam na exploração de produtos florestais. Rogério Apurinã destaca a necessidade de engajamento em toda a cadeia produtiva. Sandra Barros, da Aspacs, discute a importância de explorar novos produtos e agregar valor às vendas.
O mapeamento e o fortalecimento produtivo visam não só a preservação da floresta, mas também a melhoria das condições de vida das populações locais, mostrando que é possível desenvolver bioeconomia sustentável na Amazônia.