Política e religião, hipocrisia e falsos mitos: como a censurada novela 'Roque Santeiro' ainda é atual
Quarenta anos após sua estreia, a novela Roque Santeiro continua a ressoar com a realidade política brasileira, refletindo críticas a mitos e hipocrisias sociais. Especialistas destacam sua importância artística e relevância contemporânea em um país que ainda busca por líderes verdadeiros.
40 anos de Roque Santeiro: A novela estreou em 24 de junho de 1985, simbolizando a redemocratização do Brasil. A produção da TV Globo monopolizou a audiência e trouxe à tona questões políticas relevantes.
A trama, escrita por Dias Gomes e Aguinaldo Silva, reflete sobre a hipocrisia social e a mistura de política e religião. A jornalista Laura Mattos destaca a crítica a falsos mitos, conectando com o bolsonarismo atual.
O pesquisador Mauro Alencar afirma que, por retratar a religião, política e a mercantilização da fé, a novela se destaca na literatura dramática latino-americana.
A fama de Roque começou em 1975, mas a novela foi vetada pela censura da ditadura militar. A produção estreou finalmente em 1985 e combinou texto, direção e atuação de forma brilhante.
Sinopse: Após ser dado como morto, Roque Santeiro retorna à sua cidade, Asa Branca, onde torna-se um milagreiro. Sua figura gera lucro e poder para diversas personalidades, mas o padre progressista Albano tenta desmascarar o mito.
A novela abordou temas espinhosos, como coronelismo e moralidade, de maneira não panfletária e com humor, segundo Beraldi. Alencar enfatiza que a questão da fé e a crítica a mitos foram possíveis após a redemocratização.
Censura: Originalmente baseada na peça O Berço do Herói, foi proibida devido a uma conversa grampeada de Gomes. Quando finalmente exibida, a novela ainda sofreu cortes pela censura.
Audiência: Com uma média de 74 pontos, seu final atingiu 100 pontos. É vista como atemporal, tendo sido reprisada diversas vezes, incluindo pela plataforma Globoplay Novelas.