Por que a perda de força do dólar não é tese estrutural entre muitas gestoras globais
Incertezas fiscais e a política protecionista de Trump levantam questionamentos sobre a força do dólar nos mercados globais. Apesar das oscilações, investidores acreditam que a posição do dólar como principal reserva de valor global deve se manter a longo prazo.
Incertezas Fiscais e Protecionismo nos EUA
O cenário econômico dos Estados Unidos está gerando dúvidas sobre a resiliência do dólar. As pressões sobre a dívida pública e as tarifas comerciais durante a gestão de Donald Trump são vistas como “rachaduras” na narrativa de excepcionalismo americano.
Em 2025, o DXY, índice que mede o desempenho do dólar, teve uma baixa de 8,50% e contra o real, o dólar recuou cerca de 8%.
Apesar do enfraquecimento, a HMC Capital, que representa gestoras como Oaktree e Bridgewater, não vê isso como uma tese estrutural. O chefe de pesquisa Rodrigo Aloi afirma que o dólar deve continuar como principal reserva de valor global.
A visão de longo prazo sugere que, se os EUA perderem credibilidade, especialmente após o recente rebaixamento de crédito pela Moody’s, isso poderia gerar inflação e impactar o valor do dólar.
Investidores estão preocupados que a política tarifária de Trump possa afetar o crescimento econômico e a atratividade das ações americanas. No entanto, há uma predisposição a buscar oportunidades em decorrência dessas mudanças.
Aloi observa que investidores estão diversificando suas aplicações fora do S&P 500, especialmente em ações europeias, que tiveram desempenho superior ao índice americano nos últimos 12 meses.
Ele também destaca oportunidades em crédito privado global, beneficiado por uma taxa livre de risco maior, spreads atrativos e um diferencial de juros historicamente alto entre Brasil e EUA. Contudo, a intensa captação de fundos de crédito privado no Brasil está gerando compressão de spreads, tornando o exterior mais atrativo.