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Por que agricultores dos EUA estão usando xixi em suas plantações

A prática inovadora de Betsy Williams e seus vizinhos transforma urina em fertilizante, promovendo a produção sustentável de alimentos. O programa de Vermont destaca a importância da reciclagem de nutrientes como solução para problemas ambientais e agrícolas.

Betsy Williams, moradora de Vermont, coleta sua urina há 12 anos para ajudar agricultores a fertilizar suas plantações. Juntamente com outros 250 moradores do condado de Windham, eles doam 45,4 mil litros de urina ao Programa de Recuperação de Nutrientes da Urina (UNRP), promovido pelo Instituto Terra Rica (REI).

A urina é pasteurizada antes de ser usada em terrenos agrícolas, podendo até dobrar a produção de alimentos como couves e espinafre. Isso é possível por conta de seu teor de nitrogênio e fósforo, nutrientes que são também encontrados em fertilizantes sintéticos, mas com custos ambientais significativos.

A professora Nancy Love, da Universidade de Michigan, aponta que a reciclagem de urina reduz emissões de gases do efeito estufa e economiza água. Desde 2012, o UNRP já salvou 10,2 milhões de litros de água. A urina também ajuda a evitar a proliferação de algas nos cursos d'água, com a abordagem de levar os nutrientes para as plantas em vez de deixá-los escoarem.

O UNRP é pioneiro nos EUA, mas enfrenta desafios de regulamentação e transporte. Apesar da demanda maior que a oferta, a coleta em grande escala é complexa. O REI busca adaptar as leis para facilitar o processo e já participa de iniciativas em estados como Massachusetts e Michigan.

Williams agora usa um vaso sanitário que separa sua urina, um passo que ela considera mais higiênico e conveniente. Apesar das preocupações sobre o “fator nojo” e contaminantes farmacêuticos na urina, pesquisas indicam que as concentrações são tão baixas que seriam irrelevantes na alimentação.

Para Williams, é vital repensar o manejo dos resíduos humanos. “As pessoas não têm ideia para onde vão seus resíduos”, afirma. Ela acredita que mudanças, mesmo pequenas, são necessárias para um futuro sustentável.

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