Por que Bolívia não consegue aproveitar sua riqueza em lítio para superar crise econômica
Após 17 anos de promessas frustradas, a Bolívia enfrenta uma crise econômica e política enquanto debate a exploração do lítio. O futuro dos contratos com investidores estrangeiros e a industrialização do mineral permanecem incertos diante da resistência e das divisões internas.
Vincent Bolloré viajou à Bolívia em 2008, após o presidente Evo Morales anunciar planos para a industrialização do lítio. O encontro culminou em uma visita de Morales a Paris em 2009, onde testou o BlueCar, um carro elétrico feito com lítio boliviano. No entanto, os negócios não avançaram.
Morales declarou a soberania do lítio e prometeu desenvolver a indústria boliviana sem investimentos externos. Em 2014, ele discutiu a possibilidade de parcerias somente após a produção de baterias. Após 17 anos, o plano não progrediu, com apenas uma fábrica estatal de produção limitada.
Recentemente, o governo de Luis Arce Catacora apresentou um projeto de lei para firmar contratos com a CBC Investment Limited da China e a Uranium Ore Group da Rússia, para extrair lítio com EDL. O projeto enfrenta resistência no Congresso, com acusações de falta de transparência.
A comunidade, em meio a uma crise econômica severa e inflação de 25%, está cética quanto a acordos com empresas estrangeiras. A polarização política entre Morales e Arce impede avanços significativos na exploração do lítio, com ambos se acusando de falhas.
A Bolívia possui 25% dos recursos de lítio do mundo, mas a gestão ineficaz, escassez de tecnologia e resistência popular dificultam a industrialização. Erros históricos provocaram perdas significativas e a atual ênfase em contratos com empresas russas e chinesas gerou críticas quanto à falta de consulta com as comunidades locais.
Com as eleições presidenciais de 17 de agosto se aproximando, a situação do lítio permanece incerta, enquanto o país enfrenta uma profunda crise econômica e política.