Por que é tão difícil conseguir informações em Mianmar, país em guerra civil onde terremoto deixou milhares de mortos
Terremoto devastador em Mianmar expõe a fragilidade do país em meio a conflitos civis e crise humanitária. A situação se agrava com novos alertas de tremores e ataques aéreos, complicando os esforços de socorro.
Mais de 24 horas após um terremoto de magnitude 7,7 atingir Mianmar, o saldo é de mais de 1,6 mil mortos e ainda há dificuldades em obter informações precisas.
Diversas áreas afetadas estão sob alerta de possíveis novos tremores, especialmente em Mandalay, uma das cidades mais impactadas.
O terremoto, com epicentro em Sagaing, também atingiu a Tailândia.
Mianmar enfrenta um cenário de guerra civil após o golpe militar de 2021 e a repressão a manifestantes. A região do epicentro é um reduto rebelde e tem sido palco de combates intensos entre grupos insurgentes e militares.
Na segunda maior cidade, Mandalay, ocorreram confrontos violentos. Mais de 4 milhões de pessoas já deixaram suas casas, com 1,5 milhão de refugiados, em meio a uma grave crise alimentar e uma economia em declínio.
A BBC está colaborando com o serviço birmanês para obter informações, mas enfrenta desafios devido à restrições e perigos para os jornalistas no país.
A segurança da imprensa é crítica, com reportagens sobre tortura e assassinatos de jornalistas em Mianmar desde o golpe.
Informações de hospitais indicam uma série de vítimas e destruição nas infraestruturas, com ataques aéreos militarescontinuando mesmo após o terremoto.
A Força de Defesa do Povo, uma rede de grupos armados, denunciou bombardeios no dia seguinte ao terremoto, enquanto o relator da ONU para Direitos Humanos pediu para que os ataques cessem durante os esforços de resgate.
Um cessar-fogo de duas semanas foi anunciado pelo braço armado do Governo de Unidade Nacional de Mianmar para permitir a ajuda humanitária.
Mianmar tem um histórico de instabilidade, exacerbado pelo golpe de 2021, que resultou em uma guerra civil em larga escala.
No cenário atual, a ONU cortará ajuda a mais de um milhão de pessoas devido à falta de financiamento, agravando a situação de segurança alimentar e a crise humanitária no país.