Por que facções de outros Estados como PCC e CV não criam raízes no Rio Grande do Sul?

Renato Dornelles, repórter e documentarista, chegou ao bairro Bom Jesus em Porto Alegre em 17 de janeiro de 2016, e notou o silêncio inusitado apesar do tráfico de drogas ativo.

No local, uma cabeça foi encontrada em uma caixa de papelão. Horas depois, o corpo foi encontrado com uma mensagem enigmática: "Bala nos Bala." O recado indicava a facção Bala na Cara, controladora do tráfico na área.

A guerra entre "os Bala" e o grupo rival "os Anti-Bala" surgiu, levando Porto Alegre a figurar entre as cidades mais violentas do mundo.

As principais facções brasileiras nunca se estabeleceram firmemente no Rio Grande do Sul, mas estão ligadas aos grupos locais, que se dediquem a atividades criminosas semelhante. Isso foi evidenciado pela chegada do PCC ao estado, mesmo sem uma presença consolidada.

• Uma operação da Polícia Federal contra o PCC postulou a lavagem de dinheiro no tráfico de drogas.
• O PCC controla o mercado da droga no Paraguai, e desde 2017, grupos gaúchos se aliaram a facções nacionais.
• O fenômeno de aproximação entre facções é conhecido como "fechamento."

O sistema prisional gaúcho, com início em 1980, foi marcante na formação de facções, como a Falange Gaúcha e, posteriormente, os Manos.

O juízo Sidinei José Brzuska, com 23 anos na 3ª Vara Criminal de Porto Alegre, observou que o controle das facções é resultado de operações tanto dentro quanto fora dos presídios.

Embora facções como PCC e CV possam não ter presença visível, ainda assim, exercem influência criminológica e logísticas no tráfico de drogas na região.

Dornelles destaca que o crime organizado no Rio Grande do Sul é uma parte intrínseca da violenta realidade brasileira, assemelhando-se a áreas de guerra.