Por que histórica decisão da Alemanha de aumentar gasto militar revela guinada na Europa
Novas regras de dívida permitem que a Alemanha amplie seus investimentos em defesa, impulsionando a segurança europeia em resposta a ameaças externas. A aprovação da medida reflete a mudança de postura do país frente ao contexto geopolítico atual.
Parlamento alemão aprova projeto que isenta gastos militares das rígidas regras de dívida nacional. Votação ocorreu em 18 de março, com 513 votos a favor e 207 contra.
A nova regra permitirá destinar bilhões de dólares para as Forças Armadas da Alemanha e um fundo de defesa pan-europeu. Espera-se sua aprovação pelo Conselho Federal em 21 de março.
Desde 2009, o "freio da dívida" limitava o endividamento do governo a 0,35% do PIB. No entanto, os gastos militares caíram de 2,53% do PIB em 1989 para 1,32% em 2021.
O líder conservador Friedrich Merz afirmou que a Alemanha teve uma falsa sensação de segurança na última década e que a decisão é um grande passo para uma nova comunidade de defesa europeia.
Fatores motivadores: a invasão russa da Ucrânia e o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, que levantou dúvidas sobre o apoio americano à OTAN.
Após a invasão da Ucrânia, os gastos de defesa na Alemanha aumentaram 23,2%, enquanto os europeus cresceram 11,7% no último ano.
Dados do Instituto Kiel mostram que a Europa destina apenas 0,1% de sua riqueza à defesa da Ucrânia, muito menos que os EUA, que destinam 0,15%.
A desigualdade em armamentos é significativa. Os EUA fornecem 86% da artilharia de foguetes da Ucrânia. Assim, a Alemanha busca aumentar sua capacidade de defesa.
A eliminação das restrições constitucionais pode liberar bilhões para gastos com defesa, essenciais para o futuro da segurança na Europa.