Por que os juros no Brasil vão subir ainda mais? Para ex-diretores do BC, o problema é a dívida
A escalada da dívida brasileira e o aumento das taxas de juros refletem um cenário econômico mais desafiador do que o enfrentado na era Dilma Rousseff. Especialistas destacam que a atual situação fiscal dificulta a eficácia da política monetária do Banco Central.
A escalada da dívida brasileira e seu encarecimento têm reduzido a eficácia da política de juros do Banco Central (BC).
Com a piora da situação, pode ser necessário um aumento maior das taxas para conter a inflação, similar ao que ocorreu há dez anos.
A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está agendada para 18 e 19 de setembro, onde o juro nominal deve subir para 14,25%.
- Fabio Kanczuk: A situação atual é pior do que a do governo Dilma Rousseff.
- Sérgio Werlang: Hoje, a relação dívida/PIB é mais elevada e crescente.
A dívida bruta fechou 2024 em 76,1% do PIB, um aumento considerável desde os 63,4% em 2014. Durante a pandemia, atingiu picos de 87,68%.
Reinaldo Le Grazie projetou que a dívida deve chegar a 88% do PIB até 2026. O BC também reconheceu que a política monetária é impactada por diversos fatores.
O perfil da dívida piorou, com um aumento na participação de Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), que subiu para 46,3% da Dívida Pública Federal em dezembro de 2024.
Cada ponto percentual de variação na Selic tem efeito de 0,41 ponto na dívida bruta, equivalente a R$ 48,6 bilhões.
O aumento dos juros no exterior também afeta a política monetária, contribuindo para um juro neutro mais alto.
Kanczuk destaca que, devido à alta da dívida, surgem dúvidas sobre a capacidade de pagamento do governo, o que não traz perspectivas positivas.