Postos turbinam margens de lucro, e motoristas gastam bilhões a mais com combustíveis
A elevação das margens de lucro nos postos de combustíveis gerou um impacto significativo nas despesas das famílias brasileiras, com acréscimos bilionários em 2023. O cenário de incertezas no mercado e a concorrência desigual entre estados exacerbam a situação, refletindo na crítica do governo e na necessidade de fiscalização.
Postos de combustíveis no Brasil aumentaram significativamente suas margens de lucro nos últimos anos, impactando motoristas em bilhões de reais.
O aumento de margens entre os preços pagos às distribuidoras e os cobrados nas bombas ocorreu em meio a flutuações do mercado, devido a reajustes da Petrobras, mudanças de impostos e eventos globais como a Guerra da Ucrânia.
Dados da ANP indicam que, entre janeiro de 2021 e junho de 2023, a margem da gasolina subiu 97% e a do diesel 89%, superando a inflação de 31%. No gás de cozinha, o aumento foi de 58%.
Se corrigidas pela inflação, as margens de lucro seriam muito menores: gasolina a R$ 0,60, diesel a R$ 0,56 e gás a R$ 25.
A diferença pode parecer pequena, mas resulta em biliões em todo o Brasil. No São Paulo, as famílias pagaram R$ 2,8 bilhões a mais devido ao aumento das margens.
O Sincopetro indica que os aumentos são atribuídos a reajustes salariais de funcionários (41,7%) e ao aumento da taxa de juros. O Procon-SP registrou 683 autuações por divergências nos preços.
São Paulo teve um dos menores aumentos de margens devido à concorrência intensa; o desvio padrão dos preços é superior a R$ 0,70 em algumas áreas, enquanto outros estados, como o Paraná, tiveram aumento de 267% nas margens.
A Panapetro atribui a recuperação de margens em seu estado à redução de irregularidades e sonegação fiscal. O presidente Lula criticou a falta de repasse de cortes de preços aos consumidores e pediu fiscalização.
A ANP informou que não participa da formação de preços, que são livres segundo a lei de 2002.
As margens seguem aumentando em 2025, com a gasolina subindo 13% e o diesel 32% até junho, enquanto a do gás permaneceu estável.