Preço dos alimentos começa a cair no Brasil, mas tarifaço de Trump gera incertezas
Preços dos alimentos têm queda em junho após alta prolongada, mas incertezas sobre tarifas dos EUA podem impactar inflação. Economistas analisam efeitos potenciais da sobretaxa de Trump e a resposta do Brasil na economia interna.
Preços de Alimentos Caem
Após nove meses consecutivos de alta, os preços dos alimentos no domicílio no Brasil caíram 0,43% em junho, segundo o IPCA do IBGE.
A queda é atribuída a:
- aumento da oferta de produtos com melhores condições no campo;
- dólar mais baixo nos últimos meses.
Entretanto, o cenário a partir de agosto traz incertezas com a promessa do presidente dos EUA, Donald Trump, de sobretaxar em 50% produtos exportados pelo Brasil.
Há dúvidas sobre a aplicação da medida, já que Trump pode recuar, e ainda há tempo para negociações. Os principais produtos afetados seriam café, carne bovina e suco de laranja.
O economista Leandro Gilio destaca que, embora a redução nas exportações possa inicialmente aumentar a oferta interna e baixar preços, a valorização do dólar em períodos de incerteza pode elevar custos gerais.
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, ressalta que é cedo para prever mudanças significativas na inflação. Ele indica que, em um caso extremo, a relação de câmbio e preços pode impactar negativamente a inflação.
Projeções indicam que a alimentação no domicílio deve fechar 2025 com alta de 5,5% no IPCA, menor que os 8,23% de 2024, com uma produção recorde de grãos.
Até junho, a inflação de alimentos foi de 6,23% em 12 meses, acima do IPCA geral de 5,35%.
A queda dos preços de alimentos, como ovos (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%), foi destacada pelo IBGE, enquanto o tomate teve alta de 3,25%.
De acordo com Felippe Serigati, do FGV Agro, o impacto da sobretaxa seria limitado a poucos produtos. Ele acredita que a inflação dos alimentos dependerá mais da pressão sobre a taxa de câmbio.
Serigati argumenta que a sobretaxa pode ser uma estratégia "perde-perde", já que os EUA teriam dificuldades em substituir o Brasil como fornecedor de produtos como suco de laranja.