Professor brasileiro tem até o dobro de alunos que docentes de países da OCDE
Estudo revela que 20% dos professores de ensino fundamental no Brasil lidam com até 400 alunos por ano, em contraste com a média de 210 em países da OCDE. A falta de regulamentação sobre o número máximo de estudantes por docente afeta não só a qualidade do ensino, mas também a saúde mental dos profissionais.
Professores brasileiros enfrentam alta carga de alunos, dificultando o aprendizado. Quase 20% dos docentes dos anos finais do ensino fundamental têm cerca de 400 alunos, divididos em 14 a 22 turmas. Em contrapartida, a média na OCDE é de até 210 alunos em até sete turmas.
Esses dados são de uma pesquisa da D3e, da Fundação Carlos Chagas e do Itaú Social, baseada no Censo Escolar 2020.
No Brasil, não existe legislação específica sobre o número máximo de alunos por professor. O Conselho Nacional de Educação recomenda limitar a 300 estudantes por docente.
Segundo Patricia Mota Guedes do Itaú Social, essa questão é crucial para discutir a valorização da docência e a qualidade do ensino. Ela destaca que a alta quantidade de alunos reduz o tempo para planejamento e troca de ideias entre professores.
“É preciso conhecer bem cada aluno”, afirma Guedes. Isso envolve considerar dificuldades de aprendizagem e relações interpessoais.
A pesquisa indica que, nas redes analisadas, o número de alunos por professor não é foco de políticas específicas, apesar de algumas redes já terem tomado medidas para melhorar as condições de trabalho e limitar jornadas.
Essas iniciativas resultaram em médias de turmas mais baixas. Guedes defende a mudança de mentalidade sobre o papel do professor, considerando sua carga horária para atividades extraclasse.
Essa carga extensa afeta a vida pessoal e a saúde mental dos docentes, contribuindo para o baixo desempenho dos alunos e problemas de saúde. “O professor não consegue almoçar em tempo adequado”, observa Gabriela Moriconi, da FDC.