Projetos de hidrogênio verde, aposta global para reduzir emissões, são cancelados em vários países
A crise no setor de hidrogênio verde afeta projetos no Brasil e no mundo, com empresas reavaliando investimentos diante de altos custos e escassez de apoio governamental. Apesar dos desafios, experts destacam que o País pode se beneficiar ao focar no mercado interno e em projetos estruturantes para a produção de amônia verde.
A indústria de hidrogênio verde no Brasil enfrenta uma crise antes mesmo de ser implementada, com empresas reavaliando projetos devido a altos custos e falta de incentivos.
A Leag, da Alemanha, adiou indefinidamente a construção de uma unidade, enquanto a ArcelorMittal desistiu de descarbonizar suas fábricas na Alemanha. A companhia destacou que o progresso na transição energética está mais lento do que o esperado.
Empresas como Iberdrola, Repsol, BP, Shell e Equinor também reduzíram ou cancelaram seus investimentos em hidrogênio verde.
A Fortescue, com um projeto de R$ 25 bilhões no Porto de Pecém (CE), ainda não decidiu sobre o investimento final, mas reafirma seu compromisso com a descarbonização e o hidrogênio verde no Brasil.
A consultoria McKinsey estima que o mercado de hidrogênio verde pode movimentar US$ 200 bilhões até 2040 no Brasil. O país possui projetos anunciados totalizando R$ 188,7 bilhões, com algumas decisões de investimento esperadas para este ano.
Desafios incluem custos de produção elevados, cerca de US$ 6 por quilo, que devem cair para US$ 2 para ser competitivo com o gás natural. Além disso, a redução de subsídios em países como EUA e Europa prejudica o financiamento do setor.
A presidente da Associação Brasileira do Hidrogênio Verde, Fernanda Delgado, acredita que, embora haja cancelamentos no exterior, o Brasil está bem posicionado para seguir adiante com projetos estruturantes no setor.
João Carlos Mello, da Thymos, sugere que projetos com foco no mercado interno são mais promissores, podendo produzir amônia verde para o agronegócio, enquanto a falta de incentivos externos pode impactar negativamente o potencial exportador do Brasil.