Proposta do IR e da taxação dos mais ricos sepulta reforma para reduzir tributação de empresas
Projeto de lei busca isentar rendimentos mensais de até R$ 5.000 e implementar imposto mínimo para milionários, limitando a possibilidade de uma reforma tributária abrangente no país. A proposta enfrenta resistência no Congresso e pode não avançar devido à manutenção de isenções para alta renda e benefícios tributários.
Projeto de lei de reforma tributária: isenta quem ganha até R$ 5.000 e cria um imposto mínimo para milionários.
Essa proposta pode inviabilizar uma reforma ampla da renda no Brasil durante o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Modelos de reforma anteriores incluíam:
- Taxação da distribuição de dividendos;
- Redução da alíquota do IRPJ e da CSLL;
- Revisão de incentivos para a população rica.
Se não houver ampliação, a discussão sobre a proposta atual deve cessar, uma vez que a redução tributária das empresas necessitaria da volta da taxação dos dividendos.
O novo imposto, enviado ao Congresso em 18 de setembro, afeta dividendos de contribuintes ricos, mas com menos impacto do que a taxação geral proposta antes.
Essa taxação já enfrentou forte resistência, apesar de ser um tema de campanha eleitoral recente.
Integrantes do governo afirmam que o projeto atual é adequado e não há planos de reduzir o IR das empresas. A gestão anterior de Jair Bolsonaro tentou aprovar uma versão de reforma similar, mas não avançou no Senado.
O ministro Fernando Haddad queria inicialmente focar na reforma dos tributos sobre o consumo antes da reforma da renda, mas a proposta de isenção para quem ganha até R$ 5.000 alterou o curso dos planos.
Haddad testou modelos de tributação, mas decidiu por um que considera a capacidade contributiva de cada cidadão, já que a carga efetiva das empresas no Brasil é inferior à média dos países da OCDE.
Conforme o secretário de Reformas Econômicas, a tributação proposta será inferior à dos outros países desenvolvidos, e não haverá adição de impostos sobre os dividendos já tributados.
Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, critica a proposta por não tratar das isenções que beneficiam a alta renda, incluindo isenções sobre alguns títulos financeiros e verbas indenizatórias.
Nóbrega expressa preocupação com o lobby da categoria judiciária, que não sofreu mudanças. Ele também lamenta a falta de debate sobre deduções para saúde e educação.
O tributarista Luiz Bichara destaca que o governo abandonou a promessa de tributação de dividendos com redução paralela do IR das empresas.