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Queda da confiança no dólar impulsiona ganhos históricos da dívida de países em desenvolvimento

A busca por títulos de mercados emergentes cresce em meio à desconfiança em relação ao dólar americano. Retornos históricos no primeiro semestre atraem investidores em ativos de renda fixa locais, especialmente na América Latina.

A volatilidade política nos EUA impulsionou gestores a buscarem alternativas em títulos locais de países emergentes, resultando no melhor desempenho em 16 anos.

A demanda por ativos de renda fixa em moedas emergentes cresce com a queda de confiança no dólar americano, que despencou quase 11% em 2023, seu pior desempenho desde a década de 1970. O dólar caiu frente a 19 das 23 moedas emergentes.

Um índice de dívida local de mercados emergentes teve retorno superior a 12% no primeiro semestre, enquanto os títulos em moeda forte subiram 5,4%. Isso representa os ganhos mais fortes desde 2009.

Edwin Gutierrez, da Aberdeen Group, comenta que a fraqueza do dólar foi inesperada. Fundos de dívida emergentes atraíram mais de US$ 21 bilhões em 2023, com entradas de US$ 3,1 bilhões na semana encerrada em 2 de julho.

Perspectivas para cortes de juros em países em desenvolvimento e a continuação do enfraquecimento do dólar aumentam a atratividade dos ativos de renda fixa. Lewis Jones, da William Blair, espera que os bancos centrais tenham mais espaço para cortar juros.

Títulos locais da América Latina geraram bons retornos, como os Mbonos do México, com ganho de 22%, e títulos brasileiros acima de 29%. A recuperação dos papéis brasileiros é atribuída ao fim do ciclo de alta de juros.

Adriana Cristea, da Pictet Asset Management, mantém posições em títulos locais em várias regiões. A melhora econômica pode atrair novos emissores, como Gana, que planeja retomar emissões de títulos em 2025.

A redução de tensões entre Israel e Irã também torna os títulos locais mais atraentes. Gutierrez não pretende realizar lucros em posições de dívida local, com foco na Colômbia, Filipinas e África do Sul.

Investidores preferem Brasil, África do Sul e Turquia, segundo David Hauner, do BofA. Brad Godfrey, da Morgan Stanley, afirma que haverá um processo de reavaliação da exposição aos EUA nos próximos anos.

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