Quem são os afrikaners, brancos da África do Sul que os EUA recebe como refugiados por 'sofrer racismo'
A chegada dos primeiros afrikaners aos Estados Unidos provoca reações mistas na África do Sul, onde muitos veem o programa de Trump como uma saída para uma comunidade que busca evitar o convívio multirracial. Enquanto o governo sul-africano nega a discriminação, a percepção de insegurança nas áreas rurais alimenta debates sobre a realidade enfrentada por esses refugiados.
Avião com Afrikaners chega aos EUA
Um avião partiu de Joanesburgo com 59 sul-africanos brancos, pousando em Washington DC no dia 12 de maio. Este é o primeiro grupo de afrikaners a chegar como refugiados sob um programa promovido por Trump, que alega que essa comunidade é vítima de discriminação racial na África do Sul.
Sua chegada ocorre após tensões diplomáticas entre os EUA e a África do Sul. Em fevereiro, Trump assinou uma ordem executiva que criticava supostas violações de direitos humanos contra brancos sul-africanos, mencionando expropriações de terra e assassinatos rurais.
O governo sul-africano nega a existência de perseguição racial. O ministro das Relações Exteriores, Ronald Lamola, afirmou que "não há perseguição aos sul-africanos brancos" e que os dados policiais contradizem essa narrativa.
Quem são os afrikaners?
- Descendentes de colonizadores que se estabeleceram no sul da África em 1652.
- Representam 5% da população sul-africana, totalizando cerca de 2,7 milhões.
- Falam africânder como língua materna e foram fundamentais durante o apartheid.
Trump alega que eles enfrentam discriminação racial devido às políticas do Congresso Nacional Africano (CNA) desde 1994. Ele se opõe a uma nova lei sul-africana de expropriação sem indenização.
Críticas à política de Trump
O analista Ryan Cummings questiona a base legal do asilo, apontando que os afrikaners não estão marginalizados. As leis afirmativas não são punitivas para brancos, mas visam reverter desigualdades históricas.
Apesar de ataques a fazendas, muitos deles são motivados por roubo e disputas trabalhistas, não por violência étnica, segundo o Instituto Sul-Africano de Relações Raciais (SAIRR).
Relações EUA-África do Sul
O governo sul-africano criticou as alegações de Trump, que também estão ligadas a um conflito geopolítico em relação a Israel.
Desde a ordem de Trump, mais de 70 mil sul-africanos brancos manifestaram interesse em emigrar. A chegada de 59 afrikaners é vista com ceticismo na África do Sul, onde são considerados aqueles que buscam uma utopia segregada.
Embora alguns considerem sua emigração como positiva, há uma percepção de que a sociedade sul-africana pode se beneficiar ao se livrar de elementos com ideologias racistas.