Rebaixamento dos EUA pela Moody’s é alerta político contra pacote fiscal, diz BofA
Análise do Bank of America aponta que o rebaixamento da Moody's serve como um alerta em meio a discussões sobre cortes de impostos. Apesar do impacto moderado no mercado, a situação fiscal dos EUA continua a ser uma preocupação crescente.
A Moody’s rebaixou a nota de crédito dos Estados Unidos de Aaa para Aa1, um movimento esperado, mas que contém um peso político significativo, alertando sobre o novo projeto de lei tributária em discussão no Congresso, segundo analistas do Bank Of America (BofA).
A Moody's foi a última grande agência a retirar a classificação máxima dos EUA, seguindo a S&P (2011) e a Fitch (2023). A resposta do mercado foi moderada, com rendimento dos Treasuries de 30 anos subindo 12 pontos-base.
O BofA observa que rebaixamentos de rating geralmente apenas confirmam preocupações conhecidas, como o aumento da dívida pública, que hoje está em torno de US$ 36 trilhões, com gastos com juros superando o orçamento de defesa.
A análise do BofA destaca o timing da decisão da Moody’s, sugerindo que a agência criticou o pacote tributário como irresponsável fiscalmente. A arrecadação não compensaria as reduções de impostos propostas, aumentando o déficit.
Os analistas questionam se o rebaixamento fará o Congresso adotar legislação fiscal mais prudente, com cortes de impostos mais modestos. No entanto, a expectativa é de que o Congresso avance com uma proposta expansionista, o que pode aumentar a pressão sobre os juros de longo prazo.
A resposta do mercado ao rebaixamento foi limitada, com títulos de 30 anos apresentando rendimento de 5,02%, o maior desde 2023. O novo rating ainda se mantém dentro dos critérios dos principais índices globais.
Com a Moody’s, a lista de países com nota máxima caiu para 11, muito abaixo dos níveis pré-crise de 2007-2008. O papel do dólar como moeda de reserva global permanece forte, mas o BofA alerta que os EUA podem estar caminhando para um "buraco fiscal".
Se as taxas longas continuarem a subir, o Congresso poderá ser forçado a reagir, tornando o rebaixamento da Moody’s um lembrete de que os limites da política fiscal americana se aproximam.