Relação de Pepe Mujica com argentinos transitou entre desconfiança e admiração
A morte de José Pepe Mujica marca o fim de uma era de relações conturbadas entre Argentina e Uruguai, caracterizadas por admiração e desconfiança. O ex-presidente uruguaio deixa um legado de críticas ao peronismo e um apelo à unidade entre os povos do rio da Prata.
Relação entre argentinos e uruguaios é marcada por admiração e desconfiança, refletida em episódios envolvendo o presidente José Mujica, morto aos 89 anos.
Conflitos notáveis incluem:
- A “guerra das papeleiras”, em que uma fábrica de celulose no Uruguai gerou tensões com a Argentina.
- A dragagem no canal Martín García, acusada de cobrança de propina.
Mujica, durante uma visita de Cristina Kirchner em 2013, fez uma gafe que ficou marcada na política. Ele comentou: "Esta velha é pior do que o caolho". Apesar disso, reafirmou que "nada nem ninguém pode nos separar."
Após deixarem o poder, Mujica e Kirchner se encontraram várias vezes, com o último encontro sendo em fevereiro deste ano. Mujica comentou sobre as dificuldades do peronismo e a necessidade de superar diferenças internas.
Refletindo sobre a vitória de Javier Milei em 2023, Mujica disse que o peronismo estava "fora das circunstâncias", atribuindo isso à insatisfação com a alta inflação.
Distante do poder, Mujica se tornou referência para jovens políticos como Juan Grabois, que elogiou seu exemplo ético e humano.
Em 2015, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Buenos Aires. O ex-reitor destacou que Mujica "fez de sua vida o que pregava."
Durante a pandemia, foi homenageado com a Ordem do Libertador San Martín e disse: "Amo a Argentina e a América Latina."
Mujica ressaltou a importância do amor entre os argentinos, pedindo que lutem por um futuro melhor na América Latina.