Resultados melhoram, mas operadoras têm crescimento limitado
Setor de seguro saúde registra crescimento recorde, mas enfrenta desafios estruturais e judicialização. A adoção de tecnologia é vista como essencial para reduzir custos e melhorar a sustentabilidade do modelo.
Operadoras de seguro saúde têm perspectivas otimistas para 2025, prevendo desempenho melhor que 2024.
No primeiro trimestre de 2024, o resultado líquido foi de R$ 7,1 bilhões, uma alta de 114% em relação ao ano anterior e correspondente a mais de 60% do total de 2023 (R$ 11,1 bilhões), conforme dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
O setor alcançou 52,8 milhões de beneficiários em planos de saúde e 34,4 milhões em planos odontológicos, com a menor taxa de sinistralidade histórica: 72,9%.
No entanto, Helton Freitas, presidente da Seguros Unimed, alerta para fragilidades estruturais relacionadas à inflação médica, judicialização e envelhecimento da base de clientes. Essas questões elevam custos e desafiam a sustentabilidade do modelo.
Atualmente, 80% dos beneficiários estão em planos empresariais. Otávio Britto, da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), observa que a economia está se movendo em direção à informalidade e à “uberização” do trabalho, tornando o financiamento dos planos “antiquado”.
Bruno Sobral, da Federação Nacional das Empresas de Saúde Suplementar (FenaSaúde), aponta que o setor não cresce há mais de dez anos e que o crescimento só ocorrerá com a expansão da economia. Britto complementa que a classe média já não consegue arcar com mensalidades de R$ 500.
Tendências atuais indicam que o público jovem prioriza alternativas com melhor custo-benefício, como planos com coparticipação e redes credenciadas mais enxutas. Raquel Reis, da SulAmérica Saúde e Odonto, reforça essa mudança.
É crucial a adoção de tecnologias, como inteligência artificial (IA), para reduzir custos e combater fraudes, gerando perdas anuais de R$ 33 bilhões. Freitas destaca que a Unimed investiu R$ 196 milhões em tecnologia em 2024.
O presidente da Bradesco Saúde, Carlos Marinelli, credita o crescimento em seguros para pequenos grupos ao uso de tecnologia e análise de dados. Beneficiários de pequenas e médias empresas cresceram 5% em junho, com Santa Catarina tendo alta de 15,6%.
SulAmérica e Odontoprev utilizam IA para personalizar serviços e otimizar processos. Porém, a judicialização continua um grande desafio, custando R$ 3,9 bilhões no primeiro trimestre de 2024.
As queixas mais comuns incluem reajustes, negação de cobertura e exclusão de procedimentos, conforme o Conselho Nacional de Justiça. Questões regulatórias foram levadas às cortes, incluindo a falta de regulamentação de cobertura para exames e tratamentos.