Riscos fiscais nos EUA e no Brasil podem diminuir ímpeto da Bolsa brasileira?
Ibovespa enfrenta pressão com cautela fiscal no Brasil e nos EUA, reflexo de receios com a dívida americana. A expectativa do mercado se volta para o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, que pode influenciar o comportamento da bolsa.
Ibovespa regista queda após forte alta, fechando a véspera com uma variação de -1,59% e ficando abaixo dos 140 mil pontos. As projeções otimistas e o ingresso de estrangeiros no mercado não impediram a aversão ao risco, impulsionada pela cautela fiscal no Brasil e nos EUA.
Kevin Oliveira, da Blue3, destaca que a realização de lucros e o avanço dos juros futuros pressionam o desempenho da Bolsa. No entanto, ainda há otimismo com a renda variável.
Aos 12h15 (BRT), o Ibovespa apresentava leve alta de 0,07%, aos 137.984 pontos, com variações entre 137.341,82 e 138.294,01 pontos.
Gilberto Coelho, da XP, observa que o índice interrompeu a trajetória de máximas, o que pode abrir espaço para correções em direções de médias de 21 e 200 dias.
No cenário internacional, bolsas norte-americanas caem moderadamente devido à incerteza fiscal, especialmente após a aprovação da proposta tributária do presidente Donald Trump, que pode aumentar substancialmente a dívida dos EUA.
Luise Coutinho, da HCI Advisors, afirma que o mercado brasileiro se mantém atento às condições externas e ao déficit fiscal americano. Jamie Dimon, do JPMorgan Chase, comenta que a proposta tributária pode estabilizar a economia, mas não trará redução de déficit.
Para o Brasil, o pacote fiscal dos EUA chama atenção, pois a elevação dos juros americanos impacta a curva de juros local. Os juros de títulos de longo prazo no Brasil voltaram a superar 14% ao ano.
O foco doméstico volta-se para o Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas, que será divulgado às 14h30. O relatório deve mostrar um congelamento de R$ 10 bilhões no Orçamento, com necessidade de R$ 40 bilhões em bloqueios para atingir meta fiscal.
Tiago Sbardelotto, da XP, sugere que um contingenciamento de R$ 25 bilhões pode ser necessário para alinhar o orçamento, embora preveja que o governo não deverá fazê-lo. Novas medidas de receita podem ajudar nas projeções orçamentárias.
Segundo a Folha de S. Paulo, o governo pode arrecadar R$ 30 bilhões com o excedente do pré-sal, ajudando a cumprir a meta fiscal sem cortes significativos, embora isso represente um sinal preocupante.