Se petróleo cair mais, ajuste na Petrobras pode ser abrupto, diz gestora
Vista Capital muda estratégia e vende ações da Petrobras, citando riscos crescentes de solvência. A gestora alerta para a pressão sobre a empresa devido a uma política financeira arriscada e a incerteza no preço do petróleo.
Vista Capital, gestora carioca dirigida por João Landau, abandonou sua posição comprada em Petrobras e agora está vendida no papel, citando riscos crescentes que podem levar a debates sobre sua solvência. Na carta recente do gestor, Landau menciona que manteve a posição por quase seis anos, aproveitando dividendos vultosos, apesar dos riscos de governança.
Nos últimos anos, a empresa mostrou estabilidade em seus resultados, mas a Vista acredita que o cenário atual é o oposto. A carta aponta sinais de deterioração na governança e iniciativas de investimento questionáveis, como a expansão em GLP, com a atual ausência de margem de segurança sendo o fator mais relevante.
No 2º trimestre, apesar de um caixa operacional de R$ 42,5 bilhões, a Petrobras consumiu R$ 38,1 bilhões, resultando em geração líquida de caixa de cerca de 1%. Mesmo assim, a empresa pagou dividendos quase duas vezes superiores à geração de caixa, financiados por aumento de endividamento.
A estratégia de distribuição integral de caixa tornou-se incompatível com compromissos de leasing e capex superiores a R$ 140 bilhões/ano. A Petrobras se transforma em uma produtora de alto custo, prejudicada por uma política financeira arriscada que utiliza investimentos para pagar dividendos.
A Vista alerta que, com o petróleo atualmente ao redor de US$ 70/barril, a geração de caixa livre está em níveis mínimos e cortes de dividendos ou redução de investimentos podem ser necessários se os preços caírem mais.
A gestora discorda do consenso de mercado em três pontos:
- Leasing mal incorporado nos modelos distorce a análise de fluxo de caixa.
- Crescimento dos riscos de governança à medida que se aproxima o ciclo eleitoral.
- Maior incerteza estrutural sobre o preço do petróleo, com potencial oversupply global.
A ação PN da Petrobras fechou a R$ 30,80 ontem.