Se tarifas forem mantidas, haverá demissão e corte de produção, diz calçadista que exporta para os EUA
Empresário gaúcho alerta para riscos de demissões e cortes na produção devido a tarifas dos EUA. O crescimento nas exportações brasileiras de calçados pode ser comprometido se as negociações não avançarem.
Marcos Huff, empresário gaúcho, iniciou negociações com três potenciais clientes nos Estados Unidos para sua produção de calçados, com entregas previstas para o fim do ano.
Ele observa que, desde a presidência de Donald Trump, houve um aumento na busca por reduzir a dependência da Ásia, com a China sendo o primeiro alvo da guerra comercial.
Dados da Abicalçados indicam um crescimento de 13,5% nas exportações de calçados brasileiros para os EUA no primeiro semestre, totalizando 5,8 milhões de pares. O país representa mais de 20% das compras externas do setor.
Na Killana, empresa de Huff, 25% do faturamento do primeiro semestre veio de vendas para os EUA. Para atender a demanda, a empresa contratou 10% mais funcionários, elevando o total para 90 empregados diretos.
Apesar do crescimento, Huff exprime preocupação com uma possível tarifa de 50%, que poderia inviabilizar os negócios. Seu último embarque para os EUA, com cerca de mil pares, ocorreu em junho e não foi afetado pela tarifa.
Embora ainda tenha um lote pequeno para exportar, Huff prevê que os clientes tentarão negociar descontos devido à tarifa. Sem novos contratos, expressa receio de cortes e demissões.
Huff critica a falta de diálogo do governo sobre as tarifas, ressaltando a importância de acelerar as negociações para evitar a perda de novos clientes para a Ásia.
A Abicalçados destaca que quase 80% das empresas exportadoras reportam impactos negativos devido à tarifa de Trump, com a expectativa de perder cerca de 8.000 postos de trabalho diretos e até 20.000 postes indiretamente na cadeia produtiva.