Setor de tecnologia brasileiro é dominado por homens brancos, diz levantamento
Levantamento da Brasscom revela que 63,1% dos trabalhadores em tecnologia são homens brancos, enquanto mulheres e negros permanecem como minorias. A análise também mostra a baixa representação de pessoas com deficiência e da comunidade LGBTQIA+ no setor.
Levantamento inédito da Brasscom revela dominância de homens brancos no setor de tecnologia brasileiro.
Dados do Censo de Diversidade mostram que apenas 34,2% dos trabalhadores são mulheres, enquanto 63,1% são homens e 1% não binários.
No aspecto racial:
- 62,1% dos funcionários são brancos
- 15,5% se identificam como pretos
- 19,5% como pardos
- 2,5% como amarelos e 0,4% como indígenas
A participação de profissionais LGBTQIA+ é de 10,9%, com a maioria sendo cisgênero e heterossexual (89,1%).
Pessoas com deficiência representam 3,7% do setor, sendo 55,3% do gênero feminino. A maioria possui deficiência física motora (44,2%).
O levantamento foi feito com 20.653 funcionários de empresas associadas, com margem de erro de 0,7% e um total de aproximadamente 1,2 milhão de empregados no setor.
A corrida das big techs por inovação pode aumentar a demanda por novos profissionais, apresentando a chance de reduzir a desigualdade existente. Entretanto, pode também acentuar a exclusão de minorias.
Barbara Santiago, do Reprograma, enfatiza a importância da diversidade para o desenvolvimento de produtos que reflitam a sociedade. Mariana Giostri Rolim, da Brasscom, aponta que a baixa presença de mulheres e negros em cursos de tecnologia é um fator crucial.
A deficiência de tempo para os estudos, especialmente entre mulheres, e as dificuldades enfrentadas por negros desde a infância contribuem para a exclusão. Fatores regionais também influenciam a predominância de brancos, com maior concentração de profissionais negros nas regiões Norte e Nordeste.
A faixa etária dos trabalhadores do setor indica que a maioria está entre 26 e 35 anos, com níveis de qualificação crescentes em função da idade. O levantamento revela que:
- 55,3% dos jovens (18 a 25 anos) têm ensino fundamental, médio ou técnico
- 44,8% dos profissionais (26 a 35 anos) possuem ensino superior
- 49,1% dos profissionais (36 a 45 anos) têm pós-graduação
Cargos de gestão são majoritariamente ocupados por homens. Apenas 34,1% das posições de chefia são ocupadas por mulheres, e apenas 0,2% por pessoas trans.
A maternidade impacta negativamente a carreira das mulheres; a maioria das funcionárias que ocupam cargos de liderança não têm filhos.
A inclusão de pessoas com deficiência é limitada a cargos operacionais, com nenhuma representando cargos de chefia. 68,8% dos profissionais LGBTQIA+ atuam em funções de analista.
Rolim acredita que os dados podem guiar melhorias nas políticas de diversidade das empresas, aumentando a inovação e a competitividade do setor.