Setor elétrico atravessa crises sem conseguir avançar em reforma estrutural
Ministro de Minas e Energia promete enviar proposta de reforma do setor elétrico em 60 dias, enquanto crises climáticas e distorções de mercado pressionam contas de luz. Especialistas apontam necessidade de investimentos em infraestrutura para garantir segurança e confiabilidade no abastecimento de energia.
Setor elétrico brasileiro enfrenta crises que elevam a conta de luz e afetam o abastecimento, sem avanços em reforma prometida pelo Ministério de Minas e Energia (MME) desde 2023.
O ministro Alexandre Silveira planeja enviar a proposta de reforma em 60 dias.
Mudanças climáticas têm sido um desafio, com estiagens nos reservatórios e chuvas intensas provocando apagões, como em São Paulo. O MME fez ajustes nas regras de concessões, endurecendo normas para distribuidoras e facilitando a rescisão de contratos em casos de serviços ruins.
O professor Ivan Camargo defende maior vigilância das agências reguladoras sobre o tempo de restabelecimento da energia e sugere investimentos em infraestruturas mais seguras, como redes subterrâneas.
Apesar das promessas, mudanças amplas permanecem sem execução. O ministro Silveira também se preocupa com as distorções do mercado de energia, onde pequenos consumidores pagam mais em comparação a indústrias no mercado livre.
A geração distribuída, principalmente de energia solar, recebeu R$ 8,5 bilhões em incentivos em 2024, representando 25,7% dos subsídios destinados à energia elétrica, e gerando um gasto médio de 12,62% nas tarifas residenciais.
Paulo Pedrosa, da Associação dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), alerta que altas taxas de rentabilidade estão desequilibrando o mercado. Ao mesmo tempo, Luiz Fernando Leone, do Grupo Delta Energia, destaca a importância da reforma em 2025 e do leilão de reserva de capacidade, previsto para este ano, mas ainda não realizado.
A expectativa é que o governo busque um momento político favorável para implementar essas mudanças necessárias no sistema elétrico.