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Setor imobiliário cresce, mas proposta de tributação encarece financiamento

O setor imobiliário brasileiro enfrenta desafios estruturais com a proposta do governo federal de revogar a isenção do Imposto de Renda sobre títulos imobiliários. Especialistas alertam que essa mudança pode impactar negativamente o custo do crédito e a capacidade de compra da classe média.

Setor imobiliário brasileiro demonstra resiliência, crescendo 20% em 2024, mesmo com a Selic elevada. No 1º trimestre de 2025, foram vendidas mais de 109 mil unidades residenciais, de acordo com a CBIC e Secovi-SP.

Esse setor representa 7% do PIB e emprega cerca de 2,5 milhões de brasileiros. Contudo, há uma fragilidade nas fontes de funding para o crédito imobiliário, principalmente pela erosão do modelo baseado na caderneta de poupança.

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicou que a redução nos depósitos de poupança é estrutural, necessitando de um novo modelo de financiamento com fontes de mercado.

A proposta do governo de revogar a isenção do Imposto de Renda sobre LCIs, LCAs e CRIs visa compensar a perda de arrecadação, mas pode elevar o custo do crédito e impactar negativamente o setor imobiliário.

Um estudo do Santander revelou que uma alíquota de 5% sobre esses papéis pode aumentar as taxas de financiamento de 0,5 a 0,7 ponto percentual, afetando a capacidade de compra da classe média.

O estoque de LCIs, LCAs, CRIs e CRAs isentos já ultrapassou R$ 715 bilhões em nov/2023, mostrando sua importância no sistema financeiro. Essas ferramentas são essenciais, permitindo que bancos captem recursos e ofereçam crédito com custos mais acessíveis.

A insegurança jurídica gerada por essa mudança tributária pode gerar desconfiança no mercado, comprometendo a previsibilidade para investidores. A exploração de alternativas de mercado é urgente, mas o risco é que medidas fiscais e de curto prazo atrapalhem essa transição.

O financiamento imobiliário depende fortemente da mobilização de poupança interna e de instrumentos de securitização. A remoção de incentivos tributários sem substituição viável pode levar a uma retração do crédito e desarticular o setor econômico.

Um debate fiscal deve considerar os efeitos multiplicadores sobre o setor produtivo. O crédito imobiliário está ligado à estabilidade urbana e segurança patrimonial, e não deve ser tratado como improviso a curto prazo para não comprometer conquistas fundamentais.

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